quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Muda


- Tu precisas mudar. Essas atitudes são prejudiciais.
- Me dá exemplos de o que - ou como - faço errado.
- Isso, isso e aquilo.
- Tá. Até concordo.
- Então muda!
- Mas de que jeito? Como é que eu mudo o que sou; o que sempre fui?

Certa vez, Jesus - o próprio Deus - estava diante de Pilatos - um governador romano - prestes a ser julgado por crimes não cometidos. O nazareno fora entregue pelo povo, graças a uma espécie de emboscada dos mais influentes da sociedade. Pilatos salientava que tinha o poder de libertar Deus, dentre outras coisas. Em dado momento do (literalmente) crucial diálogo, chega-se ao tema "verdade". Pilatos pergunta:

- Mas o que é a verdade?

Não espera a resposta e dá de ombros. Talvez esse tenha sido um dos maiores momentos da história da humanidade. Onde um homem pergunta a Deus o que, cargas d'água, é essa tal de verdade. O que é absoluto? O que realmente importa? Imagino Cristo abrindo a boca para iniciar a resposta, mas Pilatos virando as costas para Ele. Quem sabe, se Pôncio escutasse com atenção teria mudado. Não creio que Jesus deixaria de ser crucificado, pois, de certa forma, acredito que pessoas são pré-destinadas a certas coisas. Mas Pilatos poderia ter mudado. O destino do nazareno todos sabem, mas o do governador não. Isso me intriga.

Ultimamente tenho exercido o dom doloroso da auto análise. Como se me visse com olhos de outrém. Praticamente todas as críticas (construtivas ou não) que recebo, são reais. Concordo. E tenho vontade de mudar. Quero iniciar o processo, mas não faço ideia de como se faz. Acredito que todas pessoas são fechadas demais em seus mundos particulares e privados. E não se permitem transcendê-lo. Todos têm aspectos a alterar em suas condutas e pensamentos. O fracasso me aterroriza. Meu medo é que, mesmo que Deus aparecesse em minha frente pronto a dar a clara resposta, minha atitudes seria de Pilatos.