quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um lugar do caralho

Rock n’ roll, muita cerveja, infinitos maços de cigarro e mulheres (não quaisquer). Assim era a casa. Toda noite era festa - e todos os dias eram noites - não essas de casas noturnas da cidade baixa, cheias de caras tentando ser mais do que realmente são e garotas tentando ser vagabundas comedidas. Mas como as do CBGB. A música era finamente selecionada passando por Beatles, The Hives, Jet, Strokes, ACDC, saudosos clássicos e futuros clássicos. Nada de lerê lerê, morros cariocas, popozudas, frutas e essas merdas. Nada de pessoas posers, ninguém fingindo estar bêbado, fingindo entender muito sobre determinado assunto – como se isso o tornasse melhor. Apenas a pura antropologia sem cera. Alguns instrumentos espalhados por diferentes cômodos, à espera. Um Jimmy dedilhando uma guitarra aqui; um Steve noutro baixo ali; um tal de Neil na bateria acolá; um certo John rabiscando um caderno; uma certa Janis dividindo o microfone com um Freddie.
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Sex on the beach, Mojito, Frozen e outros coquetéis são completamente desconhecidos. Só se tem ciência de cervejas, whiskys, vinhos, etc. Sem misturas. Puras. Possui inúmeras ideologias, muita revolta, incontáveis debates, muita atitude e ao mesmo tempo é o lugar mais paz e amor da terra.
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Um lugar onde João Roberto pode fazer seus rachas sem nunca encontrar a estrada da morte. Onde Jeremy não sofre. Onde Sheena pode ser simplesmente uma punk rocker. Onde Jude pega uma canção triste e a faz melhor. Um lugar com chuvas de novembro, onde algumas donzelas tem medo da escuridão. Um local em que se vê uma pequena silhueta de um homem e Scaramouch realmente dance o fandango. Onde pessoas estão comprando uma escadaria para o paraíso.
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Um lugar onde as pessoas sejam mesmo afudê. Um lugar onde as pessoas sejam loucas... um lugar do caralho.