quarta-feira, 2 de junho de 2010

A arte do flerte

Esse era o tema que mais apetecia a Mateus: relacionamentos. O porque, nem ele sabia. Não era por experiência própria, com certeza. Mateus não namorara mais que três mulheres ao longo de seus 23 anos, e suas relações passaram longe da perfeição. Era um cara normal, com estilo normal, beleza normal. Por algum místico motivo, entendia de relacionamentos. Sabia dar conselhos a ambos os sexos, como agir no início do namoro, como ter a moça desejada aos seus pés, e até, como terminar sutilmente o namoro, fazendo a ex nunca deixá-lo completamente.
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Contudo, o que mais lhe agradava era o flertar. Considerava isso uma arte a ser apreciada. O ato de flertar mistura paixão e guerra, ataque e defesa, é uma agressão comedida ao mesmo tempo que um carinho malicioso. Nesse jogo, perde pontos quem se expõe demasiadamente, igualmente àquele que se retrai em excesso. Flerte é dúvida. Não se pode ser direto e objetivo no flerte. Como diz a música do Lulu Santos: "Deixo assim ficar subentendido...". Essa é a graça! Tudo fica subentendido, todos os elogios estão em entrelinhas. Cada palavra dita tem um segundo significado e deixa o ouvinte, no mínimo, instigado.
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Terminada a “caça”, com o tão idealizado beijo, cabe ao casal decidir passar para a próxima fase e aposentar-se na jogatina, ou parar por aí e iniciar um novo jogo. Mateus, sempre preferiu a segunda opção. Era um jogador nato e não podia desperdiçar seu talento. Afinal, o que realmente move a paixão é o flerte, é o novo, é essa espetacular arte (da guerra). E Mateus, nesse caso, é um incontestável sábio.

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